Em entrevista ao portal Leo Dias, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, dia 25, que não confia na Justiça brasileira e manifestou preocupação com declarações públicas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fora do contexto dos processos judiciais. Durante a conversa, o ex-mandatário mencionou, em tom irônico, a possibilidade de ser preso a qualquer momento, ao ser questionado sobre uma eventual condenação superior a 30 anos.

“É horrível. Mas eu não reclamo para minha mulher, não reclamo para ninguém. Eu vou enfrentar tudo (…) (Posso) morrer na cadeia”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente reconheceu a possibilidade de ser condenado e admitiu que viver sob a ameaça de prisão é horrível. No entanto, reiterou sua disposição para enfrentar os processos e manifestou o desejo de participar das próximas eleições, apesar da sua inelegibilidade.

“Hoje sim (alta chance de ser preso), mas ainda tem tempo, mas tenho que enfrentar. Mas onde está meu crime? Tentativa ‘armada’, qual arma? Dano ao patrimônio público? Eu não estava no Brasil”, complementou

Bolsonaro criticou o fato de estar sendo julgado diretamente pelo STF e afirmou que o devido processo legal não tem sido seguido. Ele será julgado pela 1ª Turma da Corte, composta pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o ex-presidente de envolvimento em crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, atentado contra o estado democrático de direito, dano qualificado com grave ameaça ao patrimônio público e deterioração de bens tombados.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a alegar que os eventos de 8 de janeiro foram “orquestrados pela esquerda” e classificou os invasores da Praça dos Três Poderes como “pobres coitados”. Ao comentar sobre os áudios divulgados pelo programa Fantástico, que revelam diálogos entre militares sobre uma suposta trama golpista, ele admitiu que foram discutidas hipóteses de decretação de estado de defesa e estado de sítio.

“O 8 de janeiro foi programado pela esquerda, você tem imagens do pessoal quebrando lá dentro, mas não quando entrou na turma. Imprensa só mostrou imagem de um magrinho derrubando relógio e tentando derrubar câmera. O governo disse que não tinha mais imagem, mas pouco tempo depois apareceu mais imagens — disse o ex-presidente, que repetiu,durante uma entrevista, que esteve nos Estados Unidos durante os ataques. — Foram 33 alertas da Abin para o GSI. Por isso que meu entendimento não era algo programado. Só pode ter sido pela esquerda”, disse Jair Bolsonaro.