Entre janeiro e março de 2025, os brasileiros gastaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês em apostas esportivas, segundo o secretário-executivo do Banco Central (BC), Rogério Lucca. Ele apresentou os dados durante sessão da CPI das Bets no Senado e explicou que as informações são mais precisas graças à regulamentação do setor, que passou a valer em 1º de janeiro deste ano.
“Durante esse ano, de janeiro a março, esse valor que a gente acompanha de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês”, afirmou.Antes da regulamentação, o BC já havia feito uma análise preliminar, mas segundo o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, o valor que retornava aos apostadores como prêmios foi subestimado.
Na época, estimava-se que 85% do total apostado era devolvido como prêmio, mas dados atualizados do governo indicam que esse número está mais próximo de 93%. “Os dados de apostas envolvem tudo que foi gasto na empresa, mas tem um valor que volta, que a gente estimou em 85%, e a SPA estima que hoje esse valor esteja entre 93%”, disse Galípolo.Galípolo participou da CPI das Bets a convite do presidente da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR), para discutir se o BC pode estabelecer regras específicas para transações financeiras das casas de apostas.
A relatora da CPI é a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). A comissão foi criada para investigar o impacto das apostas online no orçamento das famílias brasileiras e possíveis ligações com organizações criminosas. Durante a audiência, Galípolo destacou que o BC não tem competência legal para fiscalizar ou aplicar sanções sobre esse tipo de transação.
O presidente do BC também alertou para os possíveis efeitos das apostas na economia, afirmando que o Banco Central estuda o impacto do setor na estabilidade financeira e na política de juros. “É importante para o BC avaliar potenciais impactos na estabilidade financeira e na transmissão da política monetária”, disse. Ele explicou que parte significativa da renda das famílias brasileiras tem sido direcionada às apostas, o que pode prejudicar o consumo, a poupança e aumentar o risco de crédito. “Nos chamou a atenção de que parte da renda das famílias não estava indo nem para consumo nem para poupança”, concluiu.